7.10.10

Descrição qualquer.

O trajeto é simples: tranco a porta e automaticamente atravesso a rua, salpicando os sapatos de cascalho que jogaram sobre as pedras. E então, quando lá estou no outro passeio, o que tem motivos que me remetem a qualquer calçadão praiano, ouço o som de quando andava por algum parque de chão forrado de pedrinhas. É inevitável pensar isso, mesmo que não me remeta a algum sentimentalismo em relação à cena. Mesmo que apenas haja uma conexão por comparação direta, algo próprio do meu cérebro em particular.
Ao que já está ligado ao cerebelo, não preciso pensar no trajeto, já feito tantas vezes que talvez até os passos sejam contados sem que eu tenha consciência de sua exatidão. Virar a esquina que já está próxima só é percebido quando a rajada de vento, aprisionada nas perpendicularidades das esquinas, se apodera dos meus cabelos jogando-os para trás. Continuo os passos, agora sem o som das pedrinhas; o que me permite perceber os carros, se passam; as pessoas em torno, se cruzam; o ar em geral da rua em movimento. Acato tudo caminhando, nada me acrescenta. Chego ao destino que é logo ali, tão próximo de casa.
Uma porção de informações, aquarelas para meus olhos, tantas construções que até o chão que eu piso fora forjado.
E nada disso tem importância, nem pra mim, nem pra nenhum outro por aqui.
Deve ser algum tipo de defesa.