24.11.13

Sonho III

Vera. Por que se submete a esse tipo de tratamento? Você deve se impor.
O olhar de Vera era de medo, de sofrimento, sobretudo. Um sofrimento causado por extrema covardia e falta de pulso firme. Com olhos trêmulos, Vera balançava a cabeça negando, dizendo "não" para qualquer ação que a tirasse daquela situação. Que a tirasse daquela perseguição.
Algo sobre uma figura masculina opressora, predadora. Oprimia Vera, esmagava Vera contra o solo.
E Vera tinha mãos e olhos trêmulos, impotentes.
Eu negava com a cabeça, com palavras absurdas. Faça algo, Vera! Você não pode se submeter a isso!
E não era possível. Se ele notasse alguma reação, se ele notasse alguma rebeldia, a represália seria imediata.
Faça! Grite! Mude!
Vera nega, e sugere que eu me acalme. Pegue seu café no fogão, se acalme.
Eu vou até a cozinha e em movimentos lentos de câmera noto o gás escapando.
E ao mesmo tempo que a explosão ocorre, sei que fora ele.
Cor negra e som agudo final aos ouvidos.
Eu não posso morrer assim, repeti diversas vezes dentro de minha caixa craniana. Em desespero, no início. E logo com certo alívio e curiosidade por ainda haver consciência. A escuridão e som agudo continuaram até que eu despertasse às 6 da manhã.