23.9.06

23 de Setembro.


Tomava sempre este ônibus, que andava sempre pelo mesmo caminho, indo para o mesmo lugar. As pessoas que entravam sempre entravam nas mesmas paradas e eram sempre as mesmas. As mesmas pessoas, sempre.
Se engolfou de tal forma na mesmice que, quando ela e tornou tão gritante, e espantou, ficou surpreso. Ora, se surpreendeu com algo antigo; e e envergonhou a ponto de levantar-se e, na parada próxima que vinha, descer desse ônibus do mesmo. Sentiu-se observado nesse ato, como se infringisse um fato natural.
O ônibus e foi, ninguém o olhava. Pensou em correr, mas seria ousadia demais. Simplesmente andou, mas mudou de rua, uma que não conhecesse ou que pelo menos não fosse rota do ônibus.
Tolo, pensou. Era, sim, um pequeno que se sentiu vazio por abandonar aquilo. Sabia onde estava, e estava perdido em si.
Sim, era pessoa certa, de respeito e trabalhadora. Era, por direito, livre. Livre até certo ponto, percebeu. Viu correntes em suas mãos e mesmo que fosse pessoa íntegra, de bom caráter, estava condenado. Essa era a condição para a liberdade, para se enquadrar nesse perfil de boa pessoa.
Antes fosse... bem, não sabia o que era o bom, mas repudiava certas coisas; mas sua forma de ser era sua prisão.
Estava condenado a ser livre e ainda iria se atrasar para o trabalho.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem escrveu isso Sol?

Anônimo disse...

Condenado a ser livre, esta é a condição humana...gente, o texto é ótimo....

s o l disse...

para "anônimo": sim, é claro que sim...discutir a existência virou discussão de relação...¬¬