26.10.09

Menti

Ainda é Outubro e meu post é pós-final de semana terrível. =D
Já reparou que as segundas-feiras sempre são ensolaradas? É porque o dever nos chama.



Andei pensando no Eterno Retorno de Nietzsche. A vida é repetitiva, sim? Os fatos ao nosso redor, nos confins do mundo e etc são limitados. Limitação humana...Mas, se existisse ao pé da letra, viveria com prazer cada detalhe enfadonho novamente?




Ao pé da letra não existe: letra não tem pé.





E de se pensar que a vida é um rascunho, quando sái a obra revisada?

25.10.09

Esta será o único post de Outubro.

Porque não tenho tempo pra escrever.

16.9.09

A piece of cake.

Despertou e subitamente sentiu o cansaço do corpo. Não era como se tivesse dormido doze horas seguidas. Ou treze (não olhara no relógio).
As têmporas pulsavam uma dor aguda enquanto tentava se concentrar: onde estava e o que deveria fazer em seguida.
Acendeu o cigarro que já estava à disposição ao lado da cama e tragou profundamente (prometera não fazer isto mais).
.
Minutos passaram e o zumbido de silêncio se intensificou. Necessidade visceral por um pedaço de bolo.
Coisa boba: pedaço de bolo.
.
Mexeu as pernas para afastar a dormência. O cigarro estava no fim.
Dali a alguns minutos teria que levantar.
Hoje é o dia, pensou involuntariamente.
Dia de que?
.
.
.
Passaria o dia na cama, entre cigarros e pizza. Inércia e inatividade. E uma vontade visceral por um pedaço de bolo. Nenhum pensamento certo a que se focar. Antes assim: esquecera completamente seu próprio aniversário.

15.9.09

Fugindo do óbvio e surfando na contramão :)

(alguma grande interjeição sonora possível)
Então é melhor ir conforme a onda.
E não fugir do óbvio,
que já ficou tão prosaico.

Que chato: todo mundo tem as mesmas idéias. Não sei se é culpa de limitação linguística (ou seja, a expressão não cabe profundamente nas palavras), ou se é uma névoa que povoa as cabeças de "nóis tudo" e nos dá as mesmas idéias. Hum...

À propósito, idéia agora é ideia. Sem acento.

21.6.09

Sonho II

Estou com um pouco de medo. Tive três sonhos, e quase certeza que estão relacionados com frio e dor no corpo.

Um:
-pessoas mutiladas;
Dois:
-pessoas suicidas;
Três:
-tortura física.

Esta última foi de ontem pra hoje. Acordei com dor nas costas.
Estou com medo. Meu inconsciente é um menino criativo e sádico.

25.5.09

Empreitada

Estou envolvida numa grande empreitada - bem, nada sério. Ando buscando outro título, um arrebatador, um que valha à pena roubar.
O primeiro já escolhi há uns dois anos. Certamente não absorvi tudo o que ele tem a dizer; talvez nem a metade sequer. Ótimo livro: Espelho Cego - Robert Menasse. A história de nós dois é assaz romântica. O encontrei por acaso numa estante esquecida da biblioteca da cidade, e ainda ali, encostada nos ácaros, resolvi que era um dos meus preferidos. E o motivo da empreitada.
Preciso de outro título, e tenho que encontrá-lo na mesma biblioteca e o exemplar deve ser único. Um não-clássico. Um difícil de encontrar, como o Menasse.
Li um um interessante (mas que não valeria à pena roubar, pois tornou-se best-seller) que tratava de um louco que queimava livros; caçava títulos de um determinado escritor só para acabar com eles. E então, os livros tornavam-se raridades. Bobagem! Ao que nos parece, informação já não nos é dada: é cuspida, vomitada! Que importância têm os livros? E os livros velhos? E - ainda - os de autores desconhecidos?
Uma pequena empreitada - o primeiro título está escolhido. Preciso de outro igualmente brilhante para roubar da biblioteca. Isso mesmo! Roubar! Que vai fazer lá? Tenho visitado meu futuro livro com frequência e, há dois anos, continua na mesma estante, esquecido e mal-tratado. Quem frenquenta a bliblioteca da cidade nem passa das estantes dos lançamentos. É uma pena que ninguém se aventure nas outras estantes, portanto o livro já é meu. O que era raro, ficou comum.

18.5.09

15-05-09

À parte toda a rotatividade e movimentos que se descortinavam diante dos seus olhos, seu corpo padecia de uma paz doentia, uma quietude e imobilidade não habitual. Como se respirar fosse sôfrego, quiçá desnecessário. A circulação pulsava lenta, pulsava somente o essencial. Frio nos lábios, palidez no rosto.

 Espasmo. Espanto: algo novo lhe era atribuído. Uma espécie de novo rumo revelado. Eis a verdade! Restava-lhe mudar o sentido e prosseguir o caminho, a caminhada.

Aos poucos a dormência foi perdendo força, primeiro nos dedos dos pés, logo nas pernas inteiras. Um formigamento que lhe fazia cócegas, incômodo. Impelindo-o ao inevitável ato – levante-se logo!

As milhões de formigas invisíveis agora brincavam de títeres, colocando suas pernas uma frente a outra, formando passos. Uma força certamente exterior o impelia, o movia.

Não soube dizer o destino final. Não soube o próximo passo, nem se seu caminho iria ser configurado novamente em breve. Importante era ir caminhando, que as coisas iriam configurar-se por si. À mercê. Completamente entregue a.

Simplicidade: apenas chão e passos. Por vezes, um chão acidentado, repletos de pedras e calombos amorfos. Os pés nem sempre calçados.

Um sorriso foi desenhado, face cansada e astuta. Destino: destino algum. Com tranqüilidade, suspirou, respirou e sentiu o calor lhe voltar ao corpo. A cor, voltar aos lábios e a circulação lhe fervilhar as veias. Os olhos voltavam a brilhar, antes opacos, sem vida.

Diante de si, imensidão. Perplexo, ainda espantado. Mas pacífico, como um centro de gravidade sugando-o, equilibrando-o.

Andava seu caminho, e seu caminho descortinava-se.

13.5.09

Hiperatividade

Apenas uma qualidade moral moderna para quem não sabe parar.
É tão difícil olhar para si um instante? Sim, é.
A tarefa, o fazer, é o que rege, movimenta. Se pára, pára. (Aqui não sigo as novas regras gramaticais. Sou das antigas)
Preencher as lacunas, todos os buraquinhos, é preciso para anestesiar o corpo. É preciso para passar o tempo. Caleja. Acostuma-se.
E a rapidez de tudo? Frenético.
E se pára, pára!
Se for à força, só parada cardiovascular.
Só stress.
Só as formas drásticas, parada crítica.

29.4.09

Desequilíbrio.

Não acredito nas explicações químicas - desequilíbrios químicos cerebrais. Não seríamos tão sacais e quadrados assim. (Não há padrão para que haja explicação - todo caso é diferente do outro)
São curiosos a falta de harmonia, os colapsos nervosos, os tiques. Mas passa a ser tudo tão normal! Um limiar confuso, este. Um limite muito tênue.

(...)


Loucura é tão abrangente e interessante que já enfatizei em vários posts. 

Acho que gostei demais do assunto.

14.4.09

desalinho.

Uma cabeleira recoberta de. Bagunça. Os olhos, ahhh – os olhos por que abrir tanto? Tão mais cômodo e fácil mantê-los semi-abertos. Difícil é dizer.

Implicância – ignore! Grite e bufe, se não houver acanhamento ou alguém por (perto). Cuspa, babe, ria e se afogue com o marasmo.

Use óculos de grau. Cegue-se com aquela visão turva e macilenta e grande e . E vertigem. Boceje. Não durma e beba café a goladas. Deixe escorrer pelo queixo, cair no chão e juntar formigas.

Grite um palavrão, apenas um palavrão; nada de desperdícios.

Experimente ficar fora de si – sacolejar o corpo como manda a música. Se não toca nenhuma, imagine.

Beba álcool. Ria. Da algazarra de suas bagunças e de suas roupas amarrotadas.

Não acredite no tempo (do relógio). Sinta a veia da sua testa. Logo começa a dor de cabeça.

Force os tendões, enlouqueça e não se esqueça de.

Para ter certeza que.

E esteja convicto que!

Olhe o tempo lá fora – e que esteja nublado pra os olhos se ferirem.

Suspire e tente parecer entediado.

Amanhã,volte ao a(normal).

25.3.09

parlare! parlare!

E agora, o que vai dizer?
Sim, todos os silêncios haviam sido preenchidos com assuntos banais, o tempo, a cor da roupa, o movimento da rua.
O que vai ser dito em seguida?
De ambos os lados: o que dizer?
(...)
E ele toma a ridícula decisão de falar o que lhe viesse na cabeça e engasgou com a própria saliva.
(...)
Ela hesitou, mas deu uns tapinhas nas costas dele.

Hiato e constrangimento.

8.3.09

gradiente.


Olhar as pessoas, suas texturas e gestos, passos e caras era certamente interessante. Não notara a enormidade de cores! E mais: o turbilhão de cores. Uns, pastosos, beges; deixando seu rastro molhado bem fixo pelo ar; outros solares, amarelos, brilhantes, vermelhos, verdes, verde-musgo sacal, azuis... Olhar nunca fora uma atividade tão interessante depois que seus olhos se tornaram cintilantes.
Sinceramente não sabia o momento exato da mudança. Notou que acordou com o estômago em pulos, umas convulsões estranhas que lhe davam cócegas pelo corpo. Pensou que fosse um ataque de ansiedade, desses que faziam necessária uma dose de um tranquilizante. Não, não havia a fadiga e o coração apertado; daí só esperou alguma mudança antes de tomar qualquer medicamento. Mas as cócegas lhe davam um certo prazer, ou algo que não sentia há um tempo considerável.

No meio de seus devaneios reparou nos vórtices coloridos, brincando com seus olhos. À princípio prendeu a respiração de susto: como não notara aquela claridade absurda? Confundiu o ato de respirar com o de olhar. Nunca se afogara com tanto ar tragado pelos seus olhos! Que sensação familiar era aquela?

Desde então, aquilo se tornara uma prazer. Não como um hobby, entendam. Mas um prazer particular. Como a descoberta do mundo. Mas era tudo tão familiar, como uma lembrança infantil, ou alguma lembrança fortemente obnubilada. Mas por que? Quando? Era como se nunca tivesse se sentido de outra forma antes. Outra vida? Certamente não acreditava nisto. Mas uma vida diferente. E era tão divertido, tão pacífico que temia uma mudança brusca, como quem acorda ao cair da cama. Temia profundamente.
Apesar disso, os dias passavam indefinidamente cheio de sensações engraçadas, cores e formas, luzes e movimentos. Via, cônscio, um diálogo rolar com suas caras e bocas: espanto, dois movimentos com o rosto (dizendo que sim), bocas abertas, risos, pausas certas, olhares. Os movimentos inconscientes das mãos descrevendo.
Era tudo melodioso. Harmonioso. Congruente.
Temia profundamente a nuvem cinzenta, a catarata que fora arrancada de seus olhos. Chegava a ser uma perversidade de quem seja que tivesse lhe cedido isto. Mas era tão bom... Tão claro e singelo...