5.6.13

Sobre São Paulo

Há um banheiro numa galeria na Liberdade. Fica no subsolo, em frente ao cara que faz peeling e acupuntura. É um dos banheiros mais limpinhos.
Já fiz várias incursões pela cidade de São Paulo. A última vez, me perdi um pouco dentro da Estação da Sé. Ando boiando ouvindo alguma música e, às vezes, sigo o fluxo e acabo na direção errada. Mas quando me perco não fico preocupada, confio demais em placas e coisas do tipo. Acabo encontrando a direção. Etc.
Assim, quando vou a São Paulo, ando demasiadamente. 
Tive que voltar da Cidade Universitária, uma vez, sem ao menos saber que ônibus devia tomar. Lembro que estava frio e, zanzando perto da Estação Anhangabaú, pensei se conseguiria enganar os transeuntes ou se na minha cara estava estampado “forasteira”. Bobagem: todos que zanzam por São Paulo são forasteiros. 
Outra vez, fui assistir a uma peça com um amigo. Ele me fez andar quase a Consolação inteira e garoava. Mais tarde, passei o resto do dia na Livraria Cultura (um dia muito gelado, por sinal). Repetidas vezes andei a linha azul inteira pra chegar ao Terminal do Jabaquara.
Perambulei pela Vila Madalena, em 2010, buscando um lugar pra almoçar. Sozinha, num congresso. Ao que um grupo de estudantes do mesmo congresso me chamou pra almoçar. Então todos, perdidos e estranhos, procuraram um restaurante naquele bairro metido à besta. Encontramos um vegetariano estranhíssimo.
Tomei vários cafezinhos numa padaria muito suspeita na Virada Cultural, perto da 25 de Março. Marquei de encontrar com um amigo lá e, quando chegou, perguntou que diabos eu fazia num pardieiro daqueles.


Já andei pela linha amarela só pra ver como era bonita. Fui ao Museu do Ipiranga só olhar aquele jardim. Fui ao Museu da Língua Portuguesa, ao MASP. Ao zoológico. Comer pão com mortadela no Mercado. Por curiosidade mórbida já peguei metrô na Estação Corinthians-Itaquera de manhãzinha (e não é nem um pouco agradável). Já andei pela Vila Formosa. Aliás, já andei do Tatuapé até a Vila Formosa. A pé.
Minha memória tende a falhar e não sei quantas vezes andei por São Paulo, e gosto muito de lá (daí, se aí você se encontra). E, claro, quando converso com um paulistano ou alguém que mora em São Paulo, dizem que meu gosto pela cidade é puramente coisa de turista.
Pode até ser. Se eu morar um dia em São Paulo ficarei tão entediadamente ocupada com algum emprego e não verei o metrô do mesmo jeito. Nem as ruas, nem as pessoas desconfiadas e simpaticamente mal-educadas. Talvez eu até encarne a cara de zumbi das pessoas do trem.

Mas é uma bela cidade para a solitude e incursões sem propósito. De qualquer forma, há um banheiro limpo e confiável na Liberdade, subsolo de uma galeria de quinquilharias, pode confiar.