7.2.13

Breve resumo do desfecho de um inferno astral.

Você não vem jantar? 
Não consegue se conter. Os olhos escapam de seu desejo. Não é ofensivo, é auto-ofensivo. Vergonha alheia. Quando se vê, os olhos já retratam seu desejo, desviando a cabeça. Animal.
Não consegue se manter: há um fluxo de qualquer coisa inacabada na região do baixo ventre. Somos jovens, somos jovens! Há mais quinhentas e trinta e três possibilidades pela frente, tentativas, pessoas. Pessoas indo direto para o Orgânico; às vezes para o Reciclável.
Sou eu, sou jovem, estou aqui, me veja, me venere, SOU EU!
Quero mostrar o quanto consigo ser interessante. Curiosa e despreocupadamente interessante. Cabelos, pernas, e os olhos que teimam. 
Não há planos, não há linha de pensamento... Sou um lobo solitário e quero fazer o bem em detrimento do meu próprio.
Lembranças não morrem jamais. Isso ninguém tira (?).
Mas há tanto a viver!
Pare de cuidar de mim; desse acalento e segurança que não me pertencem.
Não, não tentarei ficar bem. Não tentarei ficar feliz. Quero que a TV me distraia. Quero que as coisinhas me distraiam. Quero que as luzes me ofusquem e me deixem em transe eterno.
Se você me chamar pra jantar, ou apagar a luz, ficarei com medo. E como irei encarar a mim mesmo?