18.5.09

15-05-09

À parte toda a rotatividade e movimentos que se descortinavam diante dos seus olhos, seu corpo padecia de uma paz doentia, uma quietude e imobilidade não habitual. Como se respirar fosse sôfrego, quiçá desnecessário. A circulação pulsava lenta, pulsava somente o essencial. Frio nos lábios, palidez no rosto.

 Espasmo. Espanto: algo novo lhe era atribuído. Uma espécie de novo rumo revelado. Eis a verdade! Restava-lhe mudar o sentido e prosseguir o caminho, a caminhada.

Aos poucos a dormência foi perdendo força, primeiro nos dedos dos pés, logo nas pernas inteiras. Um formigamento que lhe fazia cócegas, incômodo. Impelindo-o ao inevitável ato – levante-se logo!

As milhões de formigas invisíveis agora brincavam de títeres, colocando suas pernas uma frente a outra, formando passos. Uma força certamente exterior o impelia, o movia.

Não soube dizer o destino final. Não soube o próximo passo, nem se seu caminho iria ser configurado novamente em breve. Importante era ir caminhando, que as coisas iriam configurar-se por si. À mercê. Completamente entregue a.

Simplicidade: apenas chão e passos. Por vezes, um chão acidentado, repletos de pedras e calombos amorfos. Os pés nem sempre calçados.

Um sorriso foi desenhado, face cansada e astuta. Destino: destino algum. Com tranqüilidade, suspirou, respirou e sentiu o calor lhe voltar ao corpo. A cor, voltar aos lábios e a circulação lhe fervilhar as veias. Os olhos voltavam a brilhar, antes opacos, sem vida.

Diante de si, imensidão. Perplexo, ainda espantado. Mas pacífico, como um centro de gravidade sugando-o, equilibrando-o.

Andava seu caminho, e seu caminho descortinava-se.

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