4.9.08

Jogo de luzes



Era medíocre, pensava enquanto trabalhava. Medíocre, enquanto chegava em casa; medíocre, empatado(a) no trânsito. Pensava, no supermercado, na rua, no banho, indo dormir.

Sorria sempre: era medíocre. Nem bom(boa), nem mau. Explêndido, abjeto. Mediano(a). Um(a) herói (heroína) humilde; andar difícil, este do caminho do meio. A luz sempre era clara nos seus olhos, mas era ofuscada pelos holofotes dos megalomaníacos. Os vis, estes apontavam para suas próprias caras taciturnas. Ao contrário, ria, chorava. Aplaudia, criticava. Mediava.

Altíssimos! Especialíssimos! Gélidos... Infames...

Era senão isto: homem/mulher. Era senão.

Os reis eram louvados; as princesas, admiradas; os gênios, respeitados. Os miseráveis, marginalizados; os mal-afeiçoados, chacotados; os tolos, depreciados.


(...)


E na escuridão/claridade pairava uma multidão de pessoas, cobras rastejantes, anjos flutuantes. Em sua medida com a lei, com os amigos. Inteligências progredidas e estagnadas; contas pagas e novas dívidas. Um equilíbrio sutil. Ele/ela pairava junto, e na grande massa, enorme, faraônica, não era nada, era reles, era ridículo(a).

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