16.4.10

Confissões

É a simplicidade: não consigo enxergar por esse horizonte que se descortina uma complicação sequer, ainda que seja denso. Não confundir profundidade por complicação, vejam.
Ouvi alguém dizer, uma vez, da leveza de seu "ser", da despreocupação, almoço, família, amigos. "Não sou aquela pessoa densa: a folha caiu 'pois' (risos)".
Não há leveza nenhuma no que posso dizer de meu. Há uma tonelada amorfa por sobre tudo, densa, significativa. Talvez eu "pense" porque me preocupe, mas sobretudo por ser tão inclinada a. Das fôrmas que me moldaram, notei nitidamente o tom grave desse som que norteia alguns dos meus desenhos: nanquim, sombra, quase furando o papel.
Não é triste, nem feliz, é suficientemente natural. Suficientemente simples.
Sob essa imagem carregada, com bordas bem demarcadas, a tensão da superfície guarda a gota maleável, que pode adquirir várias formas, mas sempre voltar a ser gota.

(...)


Confissões:
*Em prosa (pra não dizer "prosáico"), há prazer em andar ao vento e ver o cabelo voar pra trás;
*Pra não exagerar e dizer que ouço música 24 horas por dia: ouço por pelo menos 18 horas sem parar. É o vento citado acima que preenche o balão colorido e dança, pulsa, e tilinta;
*É ridículo, mas tenho surtos românticos; sobre o de cima: ainda não encontrei algo que substitua a música com sua enormidade, profundidade, misturas complicadas e - ao mesmo tempo - simples, soa, flui;
*Sorrio, falo, canto, penso alto, sozinha, na rua. Só não danço porque não dou pra coisa;
*Sou algumas pessoas distintas, aperto com mais força alguma tecla desse piano dependendo de quem for. Fool full time pra minhã irmã, isso ou aquilo pra mais alguém...e assim vai. Somando tudo, sou eu;
*Meu momento mais narcisista é o de ouvir minha voz.

Um comentário:

axl disse...

Goodbyes are meant for lonely people standing in the rain
And no matter where I go it's always pouring all the same.