24.10.07






Hoje vim falar de clichês. Veja você que, antes de qualquer acusação ou apontamento, usar das palavras para qualquer fim é a primeira repetitividade, o traço mais comum, o solo mais pisado.
Assim, sem levar em conta o parágrafo acima, posso aventurar-me a criticar clichês.
Clichês são feridas que cutucamos para continuarem abertas. É claro, há um algo implícito em tudo para perpertuar uma idéia, um não-deixar-morrer, o levar em frente a causa; o objetivo. Somos grandes repetidores, claro é: água mole em pedra dura, tanto bate que baterá para sempre. Assim são os clichês, uma marca da língua que fere a própria língua, um lembrete de momentos em momentos pela fala, escrita, balbucio, etc, para evidenciar nossa falta de criatividade, na língua corrente, fala, fofoca, debate, e para além disso, para o fim e para a origem, para o desconhecido.
Poderia concluir agora, se quisesse. Mas deixo em aberto para fugir da obviedade, ou, no caso, para pelo menos não me contradizer tanto. Aliás, fujo do ato de concluir, mas não acharia tão ruim contradizer-me, atacar-me, ser acurralada pelo próprio emaranhado vil de dizeres. Palavras, atos clichetescos estão incrustrados nos fiapos da madeira da mesa que escrevo, na folha de papel que arranquei do caderno, na tinta da caneta, na caneta, no escrever - no rabiscar quando erro... É, prefiro deixar sem concluir - isso é quase paranóico.

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